domingo, 20 de janeiro de 2013
NEVERLAND
Todo solteiro sabe que ser avulso tem algumas vantagens indiscutíveis. Por exemplo: poder dormir com hipoglós no nariz, quando ele está assado, sem a chance de provocar um AVC no companheiro. Ler com a luz do abajur acessa do lado da cama até a CEEE cogitar o corte. Escolher suas férias, seus horários, sua comida e ir ao cinema sem falar sobre o filme ou dividir o pacote de pipoca. Mas existe algo que eu invejo nos casados: não precisar ir a caça ou ser caçado a cada final de semana.
Eu gosto de noite, tem lugares em que tudo faz sentido a ponto de fazer você querer tatuar boemia na testa. Mas o ritual de acasalamento nas casas noturnas só consegue me dar vontade de comprar um estoque de calças de moletom e assistir a 14 gigas de seriado a cada sábado. Tudo começa com o ritual, você e seus amigos (solteiros) combinam de conhecer aquele lugar novo, badalado, que está todo mundo falando bem. E todo mundo dizendo que é bom, costuma ser igual a filmes que todo mundo adora: sucesso de bilheteira com pouco conteúdo interessante.
Então, você toma banho, faz escova, consulta a Susan Miller, pinta o olho, escolhe uma roupa que dificulta brutalmente o processo de respiração e coloca um belo sapato. Desses que vai fazer você sentir a mesma dor nas pernas que um maratonista com a tíbia quebrada no final de uma prova. Ao chegar no lugar, você enfrenta a fila. A fila é um lugar ótimo onde a maioria das pessoas fura ou bebe, enquanto a casa noturna te deixa lá para ver se faz movimento e mais gente entra na fila. Após duas horas, você cruza a porta de entrada do local e ruma ao único lugar correto a 1h30 da manhã: o bar. Nesse momento, com uma long neck de R$12,00 na mão, a aventura começa.
A pista, lotada, toca uma música ruim numa altura em que é um desafio para qualquer tímpano sair ileso. As pessoas, supereducadas, pisam em você, empurram, derrubam cerveja no seu cabelo (já com a escova derretida) e piranhas loucas (com a escova intacta) dançam no ritmo do funk mesmo que esteja tocando Sinatra. Nesse momento, você pensa que deve estar na hora de voltar para o bar, um lugar que é mais a sua cara. Lá, 3800 meninas com sminorffs Ice quentes estão encostadas no bar. Próximo a elas, um coletivo de homens com long necks com guardanapo chegam junto com perguntas que fazem qualquer mulher se apaixonar no ato "E aí, tá gostando da festa?" ou "O que tu faz, gata?" ou "Tá torcendo pra quem no BBB?". Alguém me mata? Sério que estou gastando R$100 nisso? Por que não comprei uma pizza?
Enfim, você vê um cara interessante, o seu número, ao contrário do sapato que já dilacerou o lado direito do seu pé. Ele te olha, você olha de volta. Ele te olha, você olha de volta. Ele te olha, você olha de volta. Após 30 minutos, ele chega (Glória, glória, aleluiaaa. Glória, glória, aleluiaaa. ). Ele chega, gato. Parece um tigre sondando a caça, totalmente animal planet. E daí ele diz: "Oi, gata. Me diz uma coisa. você tem pó?". Oi? Tenho cara de quem cheira? "Não guria, pó de arroz. To suando muito e minha pele tá brilhosa". Fim da noite. Ele era gay.
Finalmente você chega em casa, a alegria do lar. Suja o travesseiro de lápis de olho, toma uma aspirina preventiva e encerra os trabalhos. No outro dia, encontra os amigos pra fazer o balanço da noite e pensar que na semana que vem vai ser melhor. Afinal, se você não fizer isso como vai conhecer alguém pra dividir a calça do moletom, ir direto para o bar e compartilhar a aspirina? Põe meu nome na lista, eu vou.
segunda-feira, 10 de setembro de 2012
PASSAGEM SÓ DE IDA
Eu sempre me imaginei morando em muitos lugares. Já mandei o portifólio para a Russia, Novo Hamburgo e para Dubai, mas passei boa parte da vida entre Guaíba e Porto Alegre, Rio Grande do Sul. Por mais longe que eu fosse, nunca tinha comprado uma passagem só de ida. O momento é tenso, você escolhe a data, seleciona o horário, respira fundo, olha umas quatros vezes cada informação e clica em ok. E aí, instantaneamente, tudo fica diferente.
Parece que colocaram um filtro de Instagram na rotina. Fico prestando atenção no meu caminho de casa para o trabalho. Observando o cara que faz churrasco no latão e não ligando para o cheiro de fumaça que fica no meu cabelo, faço questão de falar com o sindico e comer mais um espetinho de coração no Miau da Cabral. Vejo meus amigos meio que em câmera lenta, pensando se as coisas vão continuar iguais nos dias em que eu não estiver com eles. A Polar não me parece mais tão aguada e o Speed quase brilha, acredito que por culpa da gordura, mas isso não quebra a magia das coisas. Parece um fim de namoro, uma quase morte, em que tudo de ruim some e ficam apenas as coisas boas em tons pastéis.
Porém, por mais bucólico que tudo posso parecer, você não se sente o Atreyu partindo enfrentar o nada. É uma empolgação boa. O que você vai colocar na mala? Como será o meu próximo apartamento? Quem eu vou conhecer por lá? Como vai ser o trabalho? Será que eu vou ter que comer feijão por cotas? Preto nos sábados, marrom nos dias de semana? Qual vai ser o próximo show que eu vou ver? Falaram de um tal de Astronete, será que vale tentar? Será? Será? Será? Nada melhor do que essa sensação de que nada está estático, principalmente quando se pode lembrar que existe um lugar que você ama tanto que jamais será passado e um completamente novo, como todo futuro deve ser. Partiu, São Paulo. Estou chegando.
segunda-feira, 19 de dezembro de 2011
HOMO SAPIENS, CARNEIROS E TRANSPLANTES
Você está em uma festa, aquele clima “American Pie”, cerveja barata, música, pessoas transtornadas, chamas eternas. Daí em meio ao caos alcoólico que toma conta do ambiente, você beija o barbudinho com cara de falta de banho. Ok! Ele pega o teu telefone, teu email, teu Gtalk, teu RG e te manda um SMS no outro dia. Nesse momento, você decide se a sua reação vai ser “Olhaaaa e uma carinha feliz” ou “Afeee, que saco. Quem é esse mesmo?”.
Tá certo que ele ter um cabelo legal ajuda, saber qual a melhor música dos Vaccines faz toda a diferença, escolher os links certos na hora perfeita faz parecer tudo mais legal, quem sabe ter tatuagens seja uma boa, mas o que faz mesmo tudo acontecer é você estar pré-disposta a girar a roleta e ver se o número é de sorte e você vai abrir um espaço na sua vida, na sua agenda, no seu pensando para esse novo Homo Sapiens que apareceu do nada.
Não é o coração que escolhe pessoas arbitráriamente. Tem o sentimento, tem o beijo, tem a pele, a química que tem gente que chama de destino. Mas também tem as horas e horas de conversa, contar o prato preferido, as férias na Bahia, relatar primeiro e o último amor. Têm os filmes iguais, as bandas idênticas, a ligação que você atende de madrugada, a mensagem que você manda mesmo estando na festa mais apoteótica do ano. A maldita cutucada no Facebook, que ninguém sabe pra que serve, mas também pouco importa.
E isso não tem prazo de validade, É digno para quem está junto há 5 minutos ou há 50 anos. Talvez seja esse o segredo, estar sempre pré-disposta a ir jantar sem calcinha para ter uma noite incrível com quem você sabe que também lava as suas meias e faz o seu café todas as manhãs. É escolher uma música para a pessoa ouvir quando você estiver longe, é tirar uma foto em um lugar que essa pessoa já esteve só pra mostrar que você também esteve lá. É ouvir ele contrar pela centéssima vez a mesma história da pescaria no Uruguai, sorrir e fingir que é novidade. Envolver é verbo, logo, tem atitude.
Então, não nos poupem das responsabilidades da escolha dizendo que o coração não escolhe. Ele escolhe, define, investe. É a gente lendo signos escritos em escritórios sem janelas e procurando sinais bobos no dia-a-dia que decidimos jogar o jogo, tentar, dar mais uma chance, reenviar aquela mensagem, chamar no MSN, tirar o time de campo ou ser amigos e um dia, quem sabe, ver tudo acontecer outra vez. Se vale a pena? Não sei. Meu carneiro continua escondido por aí e o meu whats app sempre online.
quarta-feira, 16 de novembro de 2011
TODO CARNAVAL TEM SEU FIM.
Toda essa cultura do amor nos transforma em loucas, psicóticas, fantasiosas e infelizes mulheres. Na adolescência, você que de cheerleader não tem absolutamente nada, assiste loucamente a filmes com a estrutura: menina não popular da escola conhece menino (extremamente gato) que fez uma aposta para conquistá-la e depois abandoná-la. Mas a menina não popular é extremamente legal e incrível e apaixonante, como todas as gurias rejeitadas de 15 anos são. No baile da escola, alguém dá um banho de loja na pobrezinha e ela, além de tudo, fica linda e beija o principe encantado. Então, acontece alguma desgraça genérica, ela descobre que o menino (extremamente gato) estava enganando ela. Mas como a vida é linda nas comédias românticas, ele aparece no meio do recreio cantando uma música tipo I'll be there for you, todos percebem o amor dos dois, beijo na boca, nada de mão na bunda, final de feliz. O problema é que você, guria de 15 anos que assistiu isso 38x na sessão da tarde, também está muito apaixonada pelo gatíssimo guri do colégio, só que ao contrário do cinema, ele não vai ficar contigo na festinha, ele vai preferir a gostosa, e a única chance de se escutar I'll be there vai ser chorando rios no quarto como as adolescente fazem.
Então, você começou a namorar, que coisa linda, que coisa mágica! O coração na boca, a ansiedade sentida no estômago. Quantos filhos a gente vai ter? Nossa casa vai ter dois ou três andares? Quer conhecer meus pais? Então, um dia, o carnaval chega ao fim, as fantasias foram abandonadas, e a única coisa que você consegue pensar é que esqueceram de te avisar que estava na hora de tirar a roupa de palhaça. Mas como a boa pessoa que viu 150 comédias românticas tem problemas em entender o significado de A-D-E-U-S, você vai mandar e-mails enormes, cartões em forma de coração, pirotecnias, vai achar que ficando mais bonita, mais magra, mais tudo, ele vai perceber a sua falta. Vão cair folhas cor de outono, vocês vão se encontrar e perceber que o tempo parou e vai rolar aquele beijo cinematográfico... NOT.
Por fim, você vai chegar a idade adulta. Aqui as ilusões já estão bem mais pra "Pontes de Madison" do que "Dez coisas que eu odeio em você". Você já passou umas dez vezes pelo "Brilho eterno de um mente sem lembranças". Até porque, todo relacionamento é diferente, mas o sentimento do término é sempre o mesmo, "me deixa esquecer". Você chegou no momento, como diz a minha tia, que ele até pode ter uma verruga que você vai achar charmoso, contanto que seja um cara legal e te faça rir. Mas daí, você entra no trem achando que vai vivar o "antes do amanhecer", vai comer torta achando que vai receber um "Beijo roubado", vai passar dias e dias esperando ser excessão pra descobrir que "é regra" e que deveria parar de criar expectativas com o que só existe em roteiros e tentar ser feliz com o que existe e é palpável.
De qualquer forma esse não é um post amargurado, é um post reflexivo. Assim como nem todo mundo mora em Ipanema na novela, nem todo amor é de filme. Minha filha fictícia não vai assistir comédias românticas, não para não saber que existe amores que deixam a gente louco. Mas para quem sabe, ao contrário da maior parte das mulheres, não fantasiar o que significa uma mensagem não respondida, um msn que não abre a janelinha, um telefone que não toca, alguém que nunca pode sair com você, um beijo que não foi dado, alguma coisa que não aconteceu, todas as coisas que não foram ditas e provavelmente não serão. Ela vai sonhar menos com o improvável e com o maldito príncipe encantado e conseguir ver a verdade, que por sermos umas bobas, fingimos não ver. Se vai funcionar? Duvido. Um dia ela vai entrar em um trem, conhecer alguém em uma noite para se passar a vida inteira e quando ver... matar um carneiro. Afinal eu acredito em finais felizes até para textos de blogs.
segunda-feira, 20 de junho de 2011
ESPECIAL NAMORADOS - PARTIU, GRUTA?
Todo mundo deve ir num puteiro uma vez na vida. E sábado, dia 28 de maio, eu fui. Acompanhada do meu namorado e mais 2 casais de amigos. Programa super casalzinho, né?
Fomos ao Gruta Azul. Na entrada, como em qualquer lugar, pedem teu nome e completam com: "não precisa ser o nome verdadeiro". Dei um passo dentro do lugar e soltei um "olha! uma parede com água e bolhas! que amor!" - juro, me lembrou aquela parede de água do Hugo Beauty do Iguatemi. Tive que ouvir um "primeira vez num puteiro, né?". Ha, claro que sim.
Lá funciona assim: no sábado é noite de casais. A entrada masculina é R$ 110 reais, mas com 60 de consumação (não se iludam: isso dá 2 doses de uisque ou 5 long necks). A feminina é de graça e a moça ainda ganha um espumante cortesia. Como boa namorada, dividi a entrada.
Olha, não sei se o movimento é fraco no sábado, mas era até um pouco engraçado: tinham umas garotas fazendo uns mini shows (de biquini, dançando e rodopiando nos pau-de-puta) e outras em volta, nos bares, com roupas minusculas e fluorescentes, coringando os poucos solteiros. No telão, fotos das meninas do local, e... fotos do restaurante (tem uns outdoors na farrapos, já viram?)! Sim, imagina: tu lá admirando a guria rebolando e olha o telão com foto de um cordeiro ao molho de laranja e um convite: conheça nosso restaurante internacional. Partiu? Sabe que não.
Como todo o lugar, lá tem um fumódromo. Quando os caras vão pra lá, as garotas vão a caça! Chegam abraçando, conversando, (se fingindo) interessadas na vida do cara. Não esperava menos: viva a prospecção!
Lá não tem choro nem vela: antes de levar a guria pra suíte, o cara tem que pagar uns drinks pra ela. Senão, nada feito. Tô pra te dizer que é mais difícil (ou muito mais caro) pegar uma garota do Gruta do que algumas em algumas festas por aí, que se atiram nos caras, inclusive no namorado alheio. Ácida? Imagina.
Sentamos perto de um pau-de-puta, e eventualmente uma guria ia lá fazer uma performance. Meu namorado era o mais proximo, e tinha uma visão privilegiada. Me matei rindo quando notei que ele balançava a cabeça no mesmo ritmo que a guria rebolava! Hilário. Sem falar da cara de bobo, como se fosse uma criança com um brinquedo novo."Ai, mas tu não teve ciumes?" Por favor! Tu vai num lugar cheio de gurias com roupas minusculas e umas até semi-nuas, e não quer que o cara olhe? Aham, Cláudia, senta lá. Fica em casa fazendo jantinha se não aguenta.
Tu pensa que os caras vão ficar olhando todo o tempo todas as garotas, mas não. Como tá em todo canto, uma hora tu meio que acostuma. cansa. Tanto é que uma hora ficamos discutindo o (pouco) FIGURINO das garotas. Não, né? Tá, mas sério: aquelas botas da Xuxa brancas que algumas usavam não tinha como não reparar. Pena que não pode tirar fotos lá dentro... ou não.
Nesse dia, tinha uma promoção chamada Bumbum de Ouro: umas seis gurias iam pra cima do balcão do bar, eram apresentadas por uma espécie de host. Depois um número era sorteado - entregue junto com a comanda ao entrar lá. O sortudo escolhia uma das garota e só pagava a suite. Mas, para a (in)felicidade dos casais presentes, só valia para homens solteiros.
De hora em hora ou a cada 2h, não sei bem, havia um show. A gente assistu um da Bianca, que tava pseudo fantasiada de policial (é, a fantasia era um maiô, um chapéu e um cacetete de plástico). Dançando com uma música qualquer, ela foi tirando toda a roupa e fazendo a platéia participar: sentava no colo de uns, esfregava a barriga em outros, se jogava cerveja nas costas e oferecia pra um dos solteiros do grupo da mesa ao lado "tomar".
A música era mais ou menos - houve uns bons momentos, devo admitir. Mas na finaleira tava tocando LUAN SANTANA. Gente, quase morri de desgosto. E já na finaleira também, eu estava indo ao banheiro, e um cara chegou chegando! Quando eu disse que não trabalhava lá, ele ficou todo contrangido pedindo desculpas. Não, eu não estava semi nua com uma saia rosa choque, antes que perguntem.Eu me diverti bastante. E iria de novo, com certeza. E na próxima vez eu vou mais cedo, pra ver mais shows!
O Falamancia incetiva novos escritores e apoia as namoradas sem frescura e mimimi. Obrigada a nossa querida escritora convidada.
quarta-feira, 27 de abril de 2011
Amor de ontem, de hoje e de nunca mais.
Minha amiga namorava um alemão. Ele tinha errinhos de português que ela achava a coisa mais querida: "amor, vamos jogar frigobar (tradução: frescobol) na praia?" ou "querida, o céu está tão baunilha (tradução: bonito) hoje. Se passaram alguns meses e eles terminaram. Perguntando o porque do abandono daquele belo exemplar loiro de 1,90m, ela responde: É impossível. Além da cerveja quente, ele achava que falava um português perfeito e não entendia que "belo bunda" não era elogio.
Meu amigo namorava uma guria que cantava bem, muito bem. Ele exibia a voz da garota para os amigos, pedia para ela cantar nas rodinhas de violão. Alguns anos depois, ele namorando outra pessoa, me confessa: bah, no final, eu odiava todas vezes que a guria cantava. Ela abria a boca e eu saia da sala... tinha vontade que o chão me engolisse.
Já as marias palhetas têm uma história em comum: o maldito violão. Você começa a namorar e ele toda hora toca uma música no violão, tão legal ter um namorado músico, imagina como vai ser ótimo nos churrascos com os seus amigos ou na praia. O que você não sabe naquele momento é está começando uma vida a três. Ele é tão "Artístico" que toca em todo lugar: no ônibus, na fila do banco, na farmácia, no banheiro, no aeroporto, quando você está falando sobre ele conseguir um trabalho, na aula que ele não vai, na frente dos seus pais, na noite romântica, no cinema, um verdadeiro inferno musical. Por fim, o namoro termina e ele prefere ficar com a viola que "não reclama e está sempre esperando por ele".
Então, a gente chega a conclusão que é bom estar atenta. Daqui a poucos meses o gatinho que não sabe usar o guardanapo ou o "chuchu" que só dorme se você fizer carinho até ele pegar no sono pode levá-la a desenvolver sociopatias sérias, assassinato em primeiro grau, afogamento ou, no pior dos casos, se apaixonar de vez.
sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011
PERDI
Porém, tem algo que me agride muito mais do que isso: as namoradas “perdi”, perdi a personalidade. Elas eram loucas, festeiras do apocalipse, passavam o rodão em todas as festas, transavam com quem queriam e instantaneamente quando a palavra “relacionamento sério” apareceu no facebook: viram santas, puras e virginais. Desmemoriadas dos infernos que olham pra ti com cara de desaprovação quando sabem que você já ficou com mais de uma pessoa na mesma turma, por exemplo. Isso como se não tivessem tido “histórias” com metade da cidade antes do “amorzinho”.
Tem aquelas que mudam de time:
- Mas Gabriela, você era Juventude, lembra?
-Ahhh, eu sei! Mas pra acompanhar o Caco achei que não tinha problema virar São Paulo.
Também tenho um carinho especial por aquelas que adquirem o gosto do namorado de forma equívocada:
- Desde que o Marcelo apareceu na minha vida, percebi como os filmes de fantasia são legais.
- Mesmo, que legal! Assistiu Senhor dos Anéis então?
- Ah, claro. Nunca imaginei que o anel podia ter um nome tipo “Frodo”
- Mais uma caipirinha, por favor.
Temos também as que acham que o namorado é o pai:
- Oi vamos tomar um chopp hoje, só a gente, as meninas?
- Vou ver com o Rafa, não sei o que ele pensou pra hoje.
- E ai, partiu?
- Não, não. Rafa acha melhor eu ir pra casa e a gente pedir uma pizza.
- (vomito)
Eu poderia fazer uma lista infinita das situações. Mas, não só as mulheres que sofrem com a sindrome do "perdi,". Eu que passei a metade da minha vida cercada por meninos sei bem:
O amedontrado:
- Bah, queria ir ver o jogo no estádio com vocês.
- Já traz a carteirinha e vamos direto!
- Ahh, não vou! A Paula acha perigoso.
O superprotetor:
- Vamos fazer um happy?
- Claro, vou só levar a Beth em casa e volto.
- Mas a Beth não sabe pegar ônibus?
- Ahh, coitada, né! Não curto.
O babaca:
- Por que meu nome é João no teu celular?
- A Julia não gosta que eu tenha amigas.
O sem gosto definido:
- Gabriel, o que aconteceu com as tuas camisetas?
- Ah, a Lucia prefere que eu use uma polo ou camisa.
- Mas tu odeia Polo e camisa.
- Ahhh, ela diz que me deixa mais bonito.
- mentir não é pecado?
Óbvio que namorando a gente adquire certos hábitos do próximo, isso é normal, é legal. A gente pode aprender a gostar do Senhor dos Anéis, a ler um autor diferente, a gostar de sushi. Mas essa perda de personalidade miojo: 3 minutos de união e acabou tudo, não faz sentido no meu cérebro single. Amor pra mim é compartilhar, não abrir mão. E até dá pra abrir mão de um monte de coisas, menos da gente. Porque sempre se corre o risco de quando o amor acabar, a loira do atendimento aparecer ou o cara mudar de time, você descobrir que além de tempo o que perdeu mesmo foi você.
domingo, 20 de fevereiro de 2011
Só as mães são felizes
Um dia a gente acorda e percebe que não é mais criança, também não é mais adolescente e acompanhado de uma musica clichê no fundo: descobre que virou adulto. O sentimento é estranho, não é a surpresa de ter ficado “mocinha”, não é o medo da primeira vez, é uma coisa do tipo: ninguém mais vai perguntar o que você vai ser quando crescer, você já cresceu. Acho que se a gente soubesse como é complexa essa vida da maioridade teria mais paciência, teria dado mais valor as férias que vinham DUAS vezes por ano, aos meses passados na praia, os feriadões prolongados (mesmo quando caiam em uma quarta-feira), a casa da vó.
De forma alguma este é um post tristonho, eu estou gostando de ser do time das mulheres e de poder sentar na mesa dos adultos, é que um tempo atrás isso parecia tão longe. Eram os mais velhos que compravam carros, apartamentos, casavam, tinham filhos ou iam para Europa. Pra gente, isso era um daqueles planos em longo prazo que sabíamos que um dia chegaria. Uma certeza como a de que o Titanic ia afundar já na fila do cinema, então não precisávamos pensar nisso.
Você se formou, não é mais estagiário, começou a ter que fazer escolhas profissionais de verdade, não pode mais tirar férias quando tem vontade. Alias as férias viraram um acontecimento fantástico, até entendo porque meu pai levava dias para começar a achar que estava tudo bem durante aqueles 15 dias no ano em que o relógio ficava abandonado em casa. O salário sempre poderia ser maior, mas você já começa a pensar em ter uma poupança, quem sabe dar a entrada em um apartamento? Será que eu quero mesmo continuar nessa cidade? Ter filhos com esse namorado? Será que eu devo congelar meus óvulos? Será que esse namorado vai fazer eu jogar o buquê? Será que se eu usar uma saia de caveirinhas vão me respeitar naquela reunião? Preciso de mais espaço para os meus sapatos? Serio que eu tenho que pagar imposto de renda?
Responsabilidades, acho que no fim a gente se acostuma com elas. Um ano novo está começando, um monte de coisa legal vai acontecer, já escrevi as metas de 2011 no meu moleskine novinho. Acho que a Natalie Portmann vai ganhar melhor atriz hoje, meus amigos conseguiram o financiamento da caixa para comprar um ap, uma das minhas amigas parou de tomar pílula. Estava com saudade de escrever por aqui, precisou que ele aparecesse para eu voltar a ativa: meu primeiro fio de cabelo branco.
terça-feira, 21 de dezembro de 2010
Tradutor Estrelar
sexta-feira, 22 de outubro de 2010
Carneiro na conserva
Uma vez confirmado o casório, madrinhas, primas, tias e agregadas começam a trocar e-mails sobre a vestimenta ideal para a cerimônia. A festividade programada para o turno da tarde abalou as estruturas do meu armário que não é nada diurno. Como ninguém compreendeu minha incrível vontade de usar um chapéu anos 40 ou um casquete anos 20 optei por um visual completamente equivocado: vestido preto com rendinhas e sapato laranja flúor. Ao me deparar com os demais convidados me sentia uma vampira (modelo clássico vampiresco, nada brilhante e virginal a lá Crepúsculo) saída de um sarcófago em meio a uma horda de hippies e fadas com vestidos florais. Fora que em tempos de Restart qualquer coisa colorida atribui uma nova característica a personalidade do indivíduo: “Mari, não sabia que tu era EMO”. Excelente!
Casal no altar, o pastor começa a falar. Como na religião dos noivos é um hábito “se conservar” para o grande dia, o querido pastor falou sobre o contato físico (os noivos devem ter pensado algo tipo: FINALMENTE!), sobre povoar a terra com pequeninos (os noivos devem ter pensado algo tipo: CALMA) e sobre mulheres precisarem de closets (os noivos devem ter pensado: WTF?). Pronto! Chuva de papel picado, arroz no olho, casamenteiras em chamas e um pepino feliz da vida por sair da conserva.
Terceiro ato: a festa
Finalmente o casamento chegou ao seu ponto alto: muita comida boa, brindes emocionados, banho de champanhe e toda aquela alegria. O Buffet de café colonial foi fantástico e garantiu que antes de sair da festa o zíper do meu vestido começasse a dar sinais de “estouro” próximo. Obviamente comi feito um hooligan em final de campeonato e fiquei profundamente feliz até o próximo ato.
Quarto ato: o buquê.
Assim que a noiva fez menção de jogar o buquê, uma legião de mulheres surgiu da terra e correu rumo ao sonho do altar. Eu, solteira feliz, continuava tomando o meu chopp e conversando sobre os shows do ano. Então, a família libanesa com seu poder de persuasão superliberal me jogou para o montante de mulheres que necessitavam de mandinga para desencalhe. A florzinha girou no ar, passou por mãos desesperadas, desviou do mosh da minha prima de Brasília e me acertou como a bomba nuclear de Hiroshima. Avassalador! Lembro de olhar para a minha família em chamas com acontecimento e ouvir três comentários: 1 – “No último casamento eu peguei o buquê e olha onde eu estou agora (a noiva)”. 2 – “Olha, eu já vi solteirona de 48 anos pegar o buquê e casar logo depois (a prima). 3 – “Agora vai!” (desconhecida que certamente não lê o meu blog).
Quinto ato: as considerações finais.
Os noivos partiram para seu merecido desconservamento, a mulherada aproveitou as roupas e make-ups e foi pra um pub irlandês (agora a minha roupa estava adequada). Milhões de fotos foram batidas e um sentimento fantástico tomou conta de todos: o de família. Como é bom estar com a nossa e ver que ainda tem gente querendo montar a sua. Fiquei sentimental, acho que vou conservar o buquê e usar de tempero no meu carneiro. Afinal, segundo as especialistas, estou chegando perto.
quinta-feira, 7 de outubro de 2010
I’ll Sleep When I’m Dead
5h – 9h50
Sai de casa com uma neblina que não se via em Porto Alegre desde o inverno. Fiz o check-in com as simpáticas meninas de verde da webjet e me dirigi a fila quilométrica do raio-X. Com quase 3h de atraso, parti pra SP em um banco não reclinável, mas feliz.
11h – 18h
Após um motim no transfer, conseguimos convencer as pessoas que queriam fazer turismo a pegar um taxi. Comemos um sanduíche no centro, escovamos os dentes, calibramos o Rexona e fomos correndo pra fila, onde nossa amiga madrugadora nos esperava para a troca de postos e toda a muamba bonjovística nos aguardava de braços abertos ao consumismo fanático.
18h – 21h15
Existe uma coisa que eu ainda não consigo admitir, porque as pessoas que vão de pista megapremium sempre se fodem mais do que as outras? A entrada é mais tumultuada, o banheiro é mais longe, o cara da água cobra mais caro, o aperto é muito maior. Em 3h e pouco eu quase trinquei uma costela, paguei R$10 por dois copinhos de água, briguei com a guria que queria roubar o meu lugar pertinho da grade, brigaram comigo porque estava tentando chegar ainda mais perto da grade e, com o passar das horas, não conseguia mais me mexer. E isso é literal, não conseguia mexer os braços, fiquei igual a um tiranossauro rex até a abertura gloriosa começar.
Começou o show. Richie e sua turma entraram no palco com “blood on blood”, uma música que eu escutei até arrebentar a fita k7 (sim, eu sou do tempo da fita k7). Chorei. A sensação de ver que aquele sonho estava se realizando, que finalmente eu era parte daquele coral que sempre me tirava o fôlego no DVD fez eu me emocionar profundamente. Depois disso foi um festival de sucessos, sorrisos, palmas, gente desmaiando, cotoveladas e tudo e mais um pouco do que eu esperava do Bon Jovi. O cara fala com o publico (sim, eu sei que é ensaiado, mas gostei igual), parecia visivelmente feliz com o galera que cantava TODAS as músicas ensurdecedoramente, fazia caras e bocas no melhor estilo “discípulo de Elvis” e me arrancou muitas outras lágrimas com canções que lembravam a minha adolescência de um jeito quase bizarro. FOI LINDO. Por fim, uma multidão cantando “Never Say Goodbay” arrancou um bis com “Bed Of Roses”, mais lágrimas, acabou a festa.
Dormi duas horas antes de ir pro aeroporto e estou escrevendo esse posto completamente chapada de emoção, depois de comer uma coxinha. Acho que entrei naquele estado lisérgico e quase depressivo que atinge a gente depois de realizar uma coisa muito esperada, sem exageros. É um sentimento maravilhoso de missão cumprida e triste da dúvida se aquilo vai acontecer mais uma vez. Mas não importa, levo deste dia lembranças maravilhosas, um trauma a menos pra discutir na terapia, novos amigos e uma certeza: que “In the church of Rock´n´roll” (como diz o John) eu sou uma dessas fiéis que fariam o Caminho de Compostela 1000x por um bis e que erguem as mãos pro céu no refrão gritando para o seu pastor: I BE HERE FOR YOU.
Confira o Set:
"Blood On Blood"
"We Weren’t Born To Follow"
"You Give Love a Bad Name"
"Born To Be My Baby"
"Lost Highway"
"Superman Tonight"
"In These Arms"
"Captain Crash"
"When We Were Beautiful"
"Runaway"
"We Got It Going On"
"It’s My Life"
"Bad Medicine ~ Pretty Woman ~ Shout"
"Lay Your Hands On Me"
"Always"
"Blaze Of Glory"
"I’ll Be There For You"
"Have a Nice Day"
"I’ll Sleep When I’m Dead"
"Working For The Working Man"
"Who Says You Can’t Go Home?"
"Keep The Faith"
"These Days"
"Wanted Dead Or Alive"
"Someday I’ll Be Saturday Night"
"Livin’ On a Prayer"
"Bed Of Roses"
quarta-feira, 29 de setembro de 2010
DAY 2 - Sempre em frente, vaqueiro
terça-feira, 28 de setembro de 2010
DAY 1 – O Viking dentro de mim
segunda-feira, 27 de setembro de 2010
Projeto MUSA do verão - DIA ZERO
Antes de começarmos, respostas a algumas perguntas recebidas por e-mail:
PRIMEIRO PASSO: suba na balança, anote o número da desgraça, abra uma revista e escolha foto do corpo que você deseja e faça que nem camarão: corte a cabeça. Então, cole a sua foto e pronto! ESTÍMULO feito com tesoura e cola.
quarta-feira, 15 de setembro de 2010
Criadora de cabritos
Particularmente, eu acho que descobri a publicidade cedo, com uns cinco ou seis anos em um ano-novo. Eu e meus primos, como bons descendentes de libaneses, queríamos ganhar uma grana para tomar muito mais picolés e concorrer a muitos palitos premiados. Então, eu sugeri uma “ação”: vamos fazer uns desenhos e copiar uns “dizeres” de umas revistas, daí a gente vende pros adultos. Sucesso! Principalmente porque a revista utilizada foi uma revista pornô do meu tio adolescente e tínhamos frases para todos os gostos: “estou com tesão”, “pega mais forte”, “me lambe”.
O tempo passou e a “causa” me tocou: líder de turma, Grêmio Estudantil e todas estas atividades que fazem a gente aprender que o poder da persuasão e do grito funcionam e que o socialismo, não. Nessa época eu também já sabia que matemática, física e química eram praticamente os anjos do apocalipse na minha educação, prontos para espalhar o caos. Veio o vestibular e eu precisava escolher alguma coisa: corta todas as exatas, suspende todas as biológicas, só faz história se quiser morrer de fome. Jornalismo ou Publicidade? A genética turca se apresentou mais uma vez e inspirada pelos persas: publicidade e propaganda.
Com o tempo, a gente descobre que a propaganda lembra os rituais de iniciação das tribos. Quando você chega passa pela fase do deslumbramento: o Brasil é o país mais criativo do universo. Depois vem a fase da iniciação: procura um estágio, não consegue estágio. Procura um estágio, vai trabalhar com mamografia (obrigada, CIEE). Procura estágio, responde perguntas sobre jesus em um colégio de freiras (obrigada, CIEE). Procura um estágio, vai ser assistente de gráfica e cheirar cola spray. Procura um estágio, vai ser atendente de telemarketing (obrigada, CIEE). Então, finalmente, chega a fase da consagração: você decide entrar em uma agência. Como eu sempre quis trabalhar com criação, não precisei passar pela fase do “tem vaga pra quê?”. O que é um momento muito triste da vida publicitária. Eu lembro até hoje do meu primeiro dia na Escala: Uma criação gigantesca e eu pensando “ai meu deus, vão descobrir que eu sou uma fraude”.
Foram três anos de estágio, a descoberta que todo mundo na criação é igual: poços de cultura inútil com pitadas de filmes bizarros e um cara que fizeram eu descobrir que desde quando eu vendia cartões com belas frases de amor, eu já queria ser redatora. Esse “mestre” fez eu colocar o jaleco e sentar na cadeira pra ver como era ser dentista (como ele mesmo conta já que era o único publicitário em uma família de dentistas e o poder de persuasão paternal tentou ser mais forte). Foi em uma agência que eu senti o gostinho de ver uma campanha ser criada, um outdoor ir pra rua, curti festas de final de ano em que a polícia coloca limite, vi a ideia surgindo, o prazo comendo, o dia amanhecendo, a dor de ver tudo reprovado e a vitória de criar tudo do zero outra vez. Além da sensação maravilhosa de subir no palco para ganhar um prêmio. Porque ninguém admite, mas é ótimo ganhar prêmios.
Hoje, pensando em porque eu virei publicitária, acho que a melhor resposta é porque eu, assim como muitos amigos que conheci nas agências, na faculdade e pela vida, adoro caçar ideias, mesmo que não tenha verba pro arco e para a flecha. Eu gosto de botar a mão na massa, ver a coisa surgindo. Brincar de Deus com “compre hoje”. Decidir o destino do “Só amanhã”. E o mais importante: continuo sendo publicitária porque não me importo que o glamour seja inversamente proporcional ao suor, porque sei o que significa "fazer um cabrito", não me importo que minha vó não entenda o que eu faço e porque como todos os indios: reclamo, reclamo e reclamo das condições de vida, mas não fico longe da oca por nada.
domingo, 5 de setembro de 2010
A NOITE NUNCA TEM FIM. QUE BOM QUE A GENTE É ASSIM.
Muffuletta é o nome de um sanduíche típico de New Orlens; e foi exatamente assim que ficamos: como um sanduíche dentro do bar que é pequeno. Uns por cima dos outros, tentando adivinhar o que é granadine, degustando o drink escarlate: MUFFULETTA HURRICANE e começando a se considerar muito.
De lá partimos para a TOCA DA CORUJA, degustar o CHOPP DE CORUJA. Uma cerveja feita na cidade e muito popular entre os “Porto Alegre people”. Como não poderia faltar, escorreguei na escada molhada e ganhei de brinde um roxo na perna. O momento foi tão memorável que já tenho até certo carinho pelo circulo verde e azul perto do meu joelho.
A horda de vikings saiu cantando pelas ruas da cidade baixa para o PREFÁCIO, que apesar do nome, foi nosso quarto bar e entornou, porque essa hora ninguém degustava mais nada, uma CAIPIRINHA DE BERGAMOTA. Neste bar, descobrimos que a tal fruta tem mais identidades que espião russo de cinema trash: bergamota, mexerica, mimosa, tangerina e outros.
Último bar: ENTREATO. Uma Mariana sem voz distribuía a CAIPIRINHA AFRODISÍACA, traduzida carinhosamente para os gringos como “sexy caipirinha” e lá rolou o drink surpresa: TEQUILA. Que é para apagar de vez a memória e dar coragem de cantar amigo punk no palco do lugar da festa: o DIVINA COMÉDIA.
Além de tudo isso, tínhamos chilenas, uruguaios, argentinos, americanos, indianos e brasileiros das mais diferentes origens. Tivemos música cantada e aplaudida, discurso, composições do oasis berradas no estilo hooligan e uma vizinha me olhando sair do táxi de manhã e pensando “ahh essa juventude perdida”. Enfim, foi uma louca e etílica noite que de tão memorável foi totalmente esquecida entre drinks misturados, cantorias, beijos e declarações de amor eterno. Final, já diziam os orientais: bêbado sempre se ama. SEMPRE. E é por isso que distribuímos papéis ensinando as pessoas a dizer “eu te amo” em muitas línguas. Porque nada é melhor do que fazer amigos e esquecer juntos os momentos que a gente vai lembrar por toda a vida.
terça-feira, 24 de agosto de 2010
64 o ano que não acabou.
segunda-feira, 16 de agosto de 2010
O inferno é laranja
terça-feira, 3 de agosto de 2010
Tratamento de Choque
Minha família (leia-se principalmente as avós) tem uma teoria bizarra de que cabelo no olho deixa a pessoa cega, teoria que, sejamos sinceros, os EMOS já fizeram o favor de derrubar. Mas como eu fui criança em um tempo em que não existia pet shop e que se esperava a música tocar no rádio para poder gravar na fita, fui vítima das tesouras insanas mais uma vez.
Nessas alturas, praticamente nada pior podia acontecer nos meus cabelos, que definitivamente não pareciam os da Malu Mader em Top Model, mas aconteceu. A cabeleireira da família sugeriu um corte que “todas as meninas estavam usando”. Pronto, lá saiu a Mariana parecendo o Chororó na primeira vez e um penico na segunda, logo quando inventaram o corte chanel. Em meio a tantos “acertos” em termos de estilo, coloquei um ponto final na história e deixei o cabelo crescer, crescer, crescer. Não dá pra dizer que aquela coisa sem corte era bonita, mas eu era feliz até sentir uma coceirinha estranha. Sim, aquilo estava acontecendo, era o festival do piolho na 6ª série B. Passa Escabim, Kell, pente fino, vinagre, corta de novo, mais Escabim. Ufa! Nenhuma criança aprende a lavar os cabelos direito até conhecer o pânico de ter piolhos outra vez; e isso é um ensinamento que se leva durante a vida.
Então, passado o trauma da infestação, ele cresceu, cresceu, cresceu de novo. E daí foi “a” festa: pinta de azul porque o Grêmio tá na final da Libertadores, pinta de papel crepom que sai no banho, pinta da vermelho sangue porque eu quero ser punk, compra chapinha porque agora ter cabelo liso é uma barbada, encontra uma cabeleireira chamada Norma que começa a picotar o cabelo até todos os traumas virem à tona e você chorar até ver que ficou ótimo.
Então, depois de anos de cabelos compridos, toneladas de shampoo, condicionador e creme pra pentear, rabos de cavalo que eram mais compridos do que a fiação elétrica e quase nenhum custo com salão de beleza, eu vi. Eu vi um cabelo tão picotado que parecia mastigado por um cavalo. Eu vi uma franja no olho bem do tipo que cega as meninas desobedientes, ahhh eu vi. E lá fui eu para um desses salões "moderninhos" que cobram quase tão rápido quanto passam a navalha por aquele enorme, comprido e bem tratado cabelo de adolescente.
Nessas horas todo mundo faz igual: fecha os olhos apertado pra não pensar na merda que está fazendo, olha pro chão e tem certeza que o Chewbacca morreu, vive a agonia do erro e imagina todos os meses que ele vai levar pra crescer outra vez. Mas aí acontece uma coisa estranha, você olha no espelho: primeiro em pânico, depois fazendo caretas variadas para testar, dá uma mexida na franja que nunca fica no lugar e descobre que sim, os dias de primo Itt acabaram, que aquele papo de personalidade começou a fazer sentindo e que em certas histórias: o sansão ganha uma força extra quando descobre a tesoura, a cera e um ventinho bem de leve batendo na nuca.