segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

HOMO SAPIENS, CARNEIROS E TRANSPLANTES


Desde que os primeiros Homo Sapiens conversavam em volta da sua fogueirinha com seus leões de estimação, toda história que chega ao fim vem acompanhada da frase “o coração não escolhe”. Mentira! 


Você está em uma festa, aquele clima “American Pie”, cerveja barata, música, pessoas transtornadas, chamas eternas. Daí em meio ao caos alcoólico que toma conta do ambiente, você beija o barbudinho com cara de falta de banho. Ok! Ele pega o teu telefone, teu email, teu Gtalk, teu RG e te manda um SMS no outro dia. Nesse momento, você decide se a sua reação vai ser “Olhaaaa e uma carinha feliz” ou “Afeee, que saco. Quem é esse mesmo?”. 


Tá certo que ele ter um cabelo legal ajuda, saber qual a melhor música dos Vaccines faz toda a diferença, escolher os links certos na hora perfeita faz parecer tudo mais legal, quem sabe ter tatuagens seja uma boa, mas o que faz mesmo tudo acontecer é você estar pré-disposta a girar a roleta e ver se o número é de sorte e você vai abrir um espaço na  sua vida, na sua agenda, no seu pensando para esse novo Homo Sapiens que apareceu do nada. 


Não é o coração que escolhe pessoas arbitráriamente. Tem o sentimento, tem o beijo, tem a pele, a química que tem gente que chama de destino. Mas também tem as horas e horas de conversa, contar o prato preferido, as férias na Bahia, relatar primeiro e o último amor. Têm os filmes iguais, as bandas idênticas, a ligação que você atende de madrugada, a mensagem que você manda mesmo estando na festa mais apoteótica do ano.  A maldita cutucada no Facebook, que ninguém sabe pra que serve, mas também pouco importa. 


E isso não tem prazo de validade, É digno para quem está junto há 5 minutos ou há 50 anos. Talvez seja esse o segredo, estar sempre pré-disposta a ir jantar sem calcinha para ter uma noite incrível com quem você sabe que também lava as suas meias e faz o seu café todas as manhãs. É escolher uma música para a pessoa ouvir quando você estiver longe, é tirar uma foto em um lugar que essa pessoa já esteve só pra mostrar que você também esteve lá. É ouvir ele contrar pela centéssima vez a mesma história da pescaria no Uruguai, sorrir e fingir que é novidade. Envolver é verbo, logo, tem atitude.


Então, não nos poupem das responsabilidades da escolha dizendo que o coração não escolhe. Ele escolhe, define, investe. É a gente lendo signos escritos em escritórios sem janelas e procurando sinais bobos no dia-a-dia que decidimos jogar o jogo, tentar, dar mais uma chance, reenviar aquela mensagem, chamar no MSN, tirar o time de campo ou ser amigos e um dia, quem sabe, ver tudo acontecer outra vez. Se vale a pena? Não sei. Meu carneiro continua escondido por aí e o meu whats app sempre online.

 
 
 

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